Escrevo porque preciso dizer sem falar

Uma vez li esta frase e nunca mais me esqueci dela.
Lembro-me que busquei em algumas folhas brancas de um caderno já esquecido pelo tempo, o espaço necessário para expressar os meus mais profundos sentimentos.
Páginas que agora fazem um esboço de uma vida cheia de altos e baixos e servem como tradução de uma mente em constante mutação.
Por um longo período abandonei estas folhas que já cheias de borrões de tinta ilustravam meu retrato; deixei-as de lado jogadas na escuridão do meu armário e virei as costas como se nunca tivessem existido.
Preferi esquecê-las.
Mas ontem um impulso me fez retomar o registro de minha vida, e ao folear as páginas já amareladas pelo tempo, percebi quantos sonhos abandonei e como esqueci de cuidar de mim.
Abri mão de muitos projetos e deixei de lado o meu eu.
Nestes últimos dias me senti viva como há muito tempo não sentia e por um momento a escuridão deu lugar a luz e permitiu que meus olhos vissem além de mim.
Transcrevendo estes sentimentos no velho caderno percebi quão intensos eles são, e que depois de muito tempo reclusa estou novamente diante de uma queda forte e inevitável; mas diferentemente das outras, desta vez me permiti cair, me permiti sonhar.